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Criptomoedas: o que são, são seguras, como investir e comprar

Criptomoedas: o que são, são seguras, como investir e comprar

Saiba mais sobre essa classe de ativos que vem ganhando cada vez mais popularidade.

Escrito por Gustavo Rocha

Em 05/04/2022 10:16

O real é a moeda atualmente em circulação no Brasil. O Banco Central brasileiro controla a produção desse papel moeda e, consequentemente, a quantidade injetada em nossa economia. E o que isso tem a ver com criptomoedas?

Muito mais do que você imagina. Nesse artigo, o Dólar Turismo vai te explicar o que são criptomoedas (ou moedas digitais), como funcionam, para que servem e, principalmente, se vale a pena incluí-las em sua carteira de investimentos. Dá uma olhada!

O que são criptomoedas?

Não foi à toa que começamos esse artigo falando sobre o real. É que o conceito de moeda é razoavelmente fácil de entender. Trata-se do dinheiro aceito em um país, cuja circulação é controlada pelo respectivo Banco Central. Então, considere isso como referência quando o assunto for criptoativos.

O prefixo “cripto” vem do grego e significa “escondido”, “oculto”. Logo, criptomoedas são unidades de valor sem nenhum lastro governamental ou institucional. São moedas virtuais e descentralizadas. Não são produzidas nem controladas por nenhum Estado ou instituição financeira.

Dê uma olhada na sua carteira agora. Provavelmente ali tem algumas notas de R$ 10 ou R$ 20. Pois é, com criptomoedas não funciona assim. Não há nenhum registro físico delas, como acontece com o real, o dólar ou o euro. São moedas digitais, que circulam exclusivamente pela internet.

Quando as criptomoedas surgiram?

Já ouviu falar na crise mundial de 2008, chamada de “crise dos subprimes”? Resumindo bastante, o problema começou quando o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserv) abaixou as taxas de juros para empréstimos imobiliários.

A intenção do Federal Reserv (FED) era reaquecer a economia do país, que já vinha mal desde 2001, ano em que o índice Nasdaq despencou por conta da famosa “Bolha da internet”.

Juros baixos tornam empréstimos e financiamentos mais atrativos, ainda mais quando o próprio governo garante o pagamento em caso de calotes. Os bancos norte-americanos e até de outros países resolveram aproveitar a oportunidade para emprestar dinheiro para imobiliárias e famílias de baixa renda, com taxas pós-fixadas.

A ideia era incentivar novas construções de casas e apartamentos, bem como negócios de compra, venda e aluguel de imóveis. Em outras palavras, reaquecer a economia.

Um pai de família dos Estados Unidos não precisava ser rico para conseguir empréstimo. Não precisava nem comprovar renda. As instituições financeiras emprestavam a torto e a direito. Afinal, o Federal Reserv (FED) garantia o pagamento.

Acontece que o tiro saiu pela culatra. Os empréstimos eram atrelados a taxas pós-fixadas. Com a disparada dos juros oficiais da economia norte-americana, milhões de pessoas não conseguiram mais honrar suas dívidas.

Resultado? Famílias quebradas, imobiliárias falindo, bancos nacionais e internacionais naufragando em efeito dominó... enfim, crise na economia global!

O estrago foi tão feio que até o Lehman Brothers, banco fundado em 1850, ameaçou fechar as portas. Só sobreviveu porque recebeu socorro financeiro do próprio governo norte-americano, que injetou bilhões de dólares na economia.

Qual a relação entre isso e o nascimento das criptomoedas? É que, depois dessa catástrofe econômica, o mercado ficou muito receoso em relação a moedas controladas por governos e instituições. Os bancos e governos perderam credibilidade.

Qual foi a solução encontrada? Criar uma moeda digital, virtual, sem rastro nenhum, protegida por criptografia e armazenada em blockchain, sistema regido por inteligência artificial imune a fraudes. Foi exatamente esse o raciocínio de Satoshi Nakamoto, pseudônimo do criador do Bitcoin, cuja identidade real não foi revelada até hoje.

Posso comprar qualquer coisa com criptomoedas?

Se o outro lado da transação aceitar, sim. É uma moeda. A diferença é que é descentralizada e virtual. Logo, você pode usá-la para comprar qualquer coisa que outra pessoa ou instituição esteja vendendo.

Onde ficam armazenadas as moedas digitais?

É aqui que o negócio fica ainda mais interessante. As criptomoedas estão localizadas em redes de blockchain. Blockchain é um banco de dados virtual que registra movimentações financeiras realizadas com criptoativos.

Significa dizer que, caso você compre algumas moedas digitais, o blockchain vai registrar de quem você comprou, a data e a quantidade comprada. Por ser um banco de dados regido por inteligência artificial, muitos investidores o consideram seguro, sigiloso, transparente e, claro, descentralizado.

Afinal, não tem erro: são computadores supermodernos que registram essas transações e avaliam rigorosamente sua validade, através de algoritmos complexos. Estas movimentações são criptografadas, isto é, ocultas e protegidas, igual as mensagens que você troca todo dia no Whatsapp.

Esses computadores são chamados de “mineradores”. Aliás, esse conceito é tão importante que vale uma seção à parte.

O que é mineração de criptomoedas e como funciona?

Imagine que você quer 1kg de ouro. Você pode comprar no mercado, trabalhar para uma mineradora ou garimpar por conta própria. Com criptomoedas é quase a mesma coisa.

Elas são mais “garimpadas” do que propriamente criadas. Os mineradores são pessoas e empresas munidas com computadores supermodernos, à caça de novas unidades desse “metal precioso” nas redes de blockchain.

Também são responsáveis por autorizar e validar as movimentações financeiras realizadas com criptoativos. Em troca, recebem uma porcentagem deles.

Se ficou complexo e abstrato, não tem problema. O mais importante não é saber como minerar criptomoedas, mas sim como elas podem ser úteis para sua carteira de investimentos.

Quais são as criptomoedas mais comuns?

A primeira da lista é o já famoso Bitcoin, criado em 2008 supostamente por Satoshi Nakamoto. Mas você tem outras opções, como Ethereum, Ripple, Litecoin, Bitcoin Cash, EOS e Binance Coin.

Criptomoedas são seguras?

Pois é, há controvérsias... As transações são registradas e validadas por computadores em redes de blockchain. Agora, isso não significa que tais redes sejam imunes a ataques de hackers.

Em 2019, cerca de 40,7 milhões de dólares foram roubados de uma corretora de criptomoedas. As armas usadas pelos fraudadores foram vírus e phishing (coleta de dados de maneira ilegal).

O investidor também está vulnerável à total falta de regulamentação, a erros de servidor e até a esquecer seu login e senha de acesso às redes de blockchain. Nesse caso, já era. Não tem mais como você acessar a rede, muito menos fazer transações.

Como faço para comprar criptomoedas?

Se você entendeu o que são e ficou interessado, o primeiro passo é abrir conta em uma corretora de moedas virtuais, conhecidas como Exchanges. Existem quase 600 à disposição. Exemplos são a Coinbase, Kraken, Robinhood, Crypto.com, FTX, Binance, Huobi Global e Gemini.

Outra saída é participar de fundos de investimento em criptoativos. Consulte sua corretora e veja se ela oferece essa opção. A vantagem é que as decisões de compra e venda ficam a cargo de um gestor especializado.

Esses fundos já estão sob supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que adiciona uma camada a mais de segurança, apesar de se tratarem de ativos não regulamentados. Você também pode acessar criptomoedas através de ETF’s, fundos de investimentos negociados na Bolsa de Valores como ações.

Devo investir em criptomoedas?

Bom, a decisão é sua. Fato é que criptoativos podem ajudar a tornar sua carteira mais diversificada. De qualquer forma, o ideal é começar aos poucos. Afinal, a volatilidade delas é bem acentuada. Especialistas as consideram ativos de alto risco, e com razão. A decisão mais sábia é investir uma pequena parte do patrimônio, não mais que 5%.

Você pode usá-las como reserva de valor, também, como se faz com o ouro há muitos anos. Há quem torça o nariz para essa ideia. Afinal, as cotações das criptomoedas são muito voláteis. Ainda assim, pode ser uma forma de proteger parte de seu patrimônio e até de lucrar com a subida dos preços.

Por exemplo, imagine que você comprou mil moedas de Bitcoin por R$ 1 mil. Dali a uma semana, o preço de cada uma passou de R$ 1 para R$ 5. Logo, agora você tem R$ 5 mil em Bitcoin.

É a boa e velha lei da oferta e da procura. Há um número limitado de criptmoedas em circulação e de novas unidades a serem criadas, ou melhor, “garimpadas”. Logo, quanto mais pessoas quiserem comprá-las, mais caras ficam. Quanto menos pessoas quiserem comprá-las, mais baratas ficam. E assim vai. A lógica é mais ou menos a mesma das ações e cotas de fundos imobiliários.

Só para você ter uma ideia, um simples Bitcoin valia R$ 48,2 mil em dezembro de 2017. Em janeiro de 2019, despencou para R$ 12,7 mil, isto é, desvalorização de quase 75%.

Preciso declarar criptomoedas no Imposto de Renda?

Sim, precisa. Em 2021 a Receita Federal instituiu essa regra. Você precisa declarar na seção “Bens e Direitos”.

Se você tiver gasto mais de R$ 1 mil na compra de criptoativos, terá que informar à Receita. Se tiver feito uma venda maior que R$ 35 mil, também. Se o valor da venda tiver sido menor, basta incluir a operação na seção “Rendimento isento e não tributado”. Você também estará isento se tiver vendido com prejuízo, ainda que o valor da venda tenha sido maior que R$ 35 mil.

Vale dizer que a Receita tributa seus lucros. A tabela é progressiva. A alíquota varia de 15% a 22,5%.

Como qualquer classe de ativo, as criptomoedas têm suas vantagens e desvantagens. O ideal é pesquisar bem antes. Também é importante reservar somente uma pequena parte de seu patrimônio a elas. Diversificação é fundamental quando o assunto é investimentos. Desde que, claro, o investidor saiba como funciona cada um dos ativos e o papel que exercem em sua carteira.

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